Caiu em desuso há um bom tempo escrever em máquinas de escrever. Pela coerência com os tempos modernos. Apenas ele insistia. Todos os dias de manhã, assim que acordava, escrevia nela, mesmo que coisa sem sentido, mesmo que coisa breve. Apenas por tocá-la.
Sentia prazer em tocá-la. Mesmo que noutro tempo, mesmo que noutro espaço. Ao bater seus dedos, o cenário trocava: era tempo de seu tempo, tempo de ser tempo, tempo de ter tempo de escrever sua história. Só dependia do tempo que levaria para bater os dedos.
A história que escreveu continuou sem que fosse preciso tocar a máquina, sem que fosse preciso ver. Limpou as engrenagens, trocou a fita de tinta e empilhou um novo calhamaço de papel. A máquina hoje se escreve, ao ponto que ele não se toca mais.
Monday, July 20, 2009
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