Wednesday, February 24, 2010

Nua pelo seu país.




Queria ter braços para alcançar o passado. Mas, de curtos e impotentes, não passaram do senão segurar-lhe o rosto e dizer apenas singelamente:

- Olá.

Talvez dois, três ou quatro goles de cerveja bastariam para esquecer a situação. Ou enchê-lo de coragem do saber que não existe nada mais que o presente sóbrio, não importa o quanto se beba.

Pode-se mudar os caminhos? Enchertar pedaços no cérebro alheio e convencê-lo de verdades tão simples pra si, que, de tão simples pra si, se tornam utopia para outros, pela síntese do ser.

Não temia mais o passado. Não sonhava mais com ele. Desenhava um futuro que destinos se cruzavam, coloridos e inoportunos, sem mazelas em comum que se tornariam apenas um. O um que existiu por frações de segundo. E que doeu.

Quando levantou a cabeça da mesa do bar, quando não sabia mais que devaneios ou razões, viu-se convencido de uma certeza. De que não há certeza alguma. Nem descerteza. Nem nada.

Cafés, cigarros, vinis, jazz, vinhos, macarrões aos mais diversos molhos, cebolas e não cebolas, bananas fritas, rumbas e runs. Figurantes de uma história que se enterrou embaixo de uma toalha, onde pessoas nuas se fundiam com a benção do hino da nação.