Pensou em cada detalhe.
Os pratos foram colocados sob a toalha de linho branco, e as taças a frente, na direita. Os talheres imponentes repousavam sobre os quardanapos azuis e ao centro, junto do vinho tinto, um candelabro acendia a sala. Reunidos em volta, os amigos que o acompanhavam a anos, desde crianças. A espera era de ânsia plena, e era travado um duelo interior para contê-la.
Não estava bem, e todos sabiam. A cerimônia era o primeiro passo para sair de um eu sufocante. E todos ali sabiam o prazer que tinha em cozinhar, pensando assim o propuseram. Prometeu-lhes algo especial. Deixou a porta aberta, para que sentassem na mesa sem estragar a surpresa. Nem o cheiro escapava para seduzi-los.
Os vasos de flores vermelhas eram os mesmos de sempre, mas os quadros nas paredes eram novos, e não tardou a serem reparados. Eram feios e nada diziam, assim pensaram todos por ali, e clara era a assinatura do "chef" nelas. "Ainda bem que não cozinha como pinta" foi a linha dos sucessivos deboches, num tom exato para apenas os presentes gargalharem por entre as mãos.
A espera tornou-se angustiante. A garrafa de vinho vazia, o cinzeiro pela metade e as mãos impacientes passaram a ser destaques da mesa. Quando o banheiro se tornou inevitável para um deles, não teve coragem de olhar o corpo nu submerso na banheira mais do que tempo suficiente para ler o que estava escrito em seu peito.
Tuesday, April 17, 2007
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