Pensou em cada detalhe.
Os pratos foram colocados sob a toalha de linho branco, e as taças a frente, na direita. Os talheres imponentes repousavam sobre os quardanapos azuis e ao centro, junto do vinho tinto, um candelabro acendia a sala. Reunidos em volta, os amigos que o acompanhavam a anos, desde crianças. A espera era de ânsia plena, e era travado um duelo interior para contê-la.
Não estava bem, e todos sabiam. A cerimônia era o primeiro passo para sair de um eu sufocante. E todos ali sabiam o prazer que tinha em cozinhar, pensando assim o propuseram. Prometeu-lhes algo especial. Deixou a porta aberta, para que sentassem na mesa sem estragar a surpresa. Nem o cheiro escapava para seduzi-los.
Os vasos de flores vermelhas eram os mesmos de sempre, mas os quadros nas paredes eram novos, e não tardou a serem reparados. Eram feios e nada diziam, assim pensaram todos por ali, e clara era a assinatura do "chef" nelas. "Ainda bem que não cozinha como pinta" foi a linha dos sucessivos deboches, num tom exato para apenas os presentes gargalharem por entre as mãos.
A espera tornou-se angustiante. A garrafa de vinho vazia, o cinzeiro pela metade e as mãos impacientes passaram a ser destaques da mesa. Quando o banheiro se tornou inevitável para um deles, não teve coragem de olhar o corpo nu submerso na banheira mais do que tempo suficiente para ler o que estava escrito em seu peito.
Tuesday, April 17, 2007
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3 comments:
uma saudade imensa de ser compreendido.
seus quadros, rabiscos cheios de aspirações. seus temperos, pitadas de inconstância.
a exaustão de tanto crer que um dia estas linhas sejam lidas com mais prudência.
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Se superou, amor meu, mas perdi a fome.
Que depressivo isso. No ponto como sempre, mas ainda depressivo.
(P.S. ouvi dizer que tem um post pra vc em um blog qualquer aí...)
vc está numa fase de flores, não é?
segunda te levo o filme, ta afins?
bjo!
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