O abraço tomou ares de último trago de cigarro. Com vontade aspirou e absorveu o resto de calor que ela lhe proporcionava, segurou na garganta a ponto de doer e soprou pra longe, mesmo destino da bituca. Não que o abraço terminara para ela, era apenas ele que apreciava o gosto ruim que a fumaça deixa na boca.
As cores dela esvaíram-se abruptamente, mas imperceptíveis. Acendeu outro cigarro, esse já mais saboroso, e as palavras que ela lhe cantava eram pano de fundo para o barulho da chuva. As gotas corriam pelo vento como as lágrimas dela não tardariam. Respirou fundo e tossui, pra nunca mais tossir, aquele resto de saudade que grudara por ali.
Caminhou pra fora do toldo e sentiu a chuva apalpar seu rosto. Por mais que tenha apagado o cigarro, a chuva o conheceu ali.