Thursday, March 20, 2008

Ácido.

Percebeu as coisas estranhas quando todos olhavam seu vago pensar intrigados porque ele não comia. Sorriu distraido e então lembrou que não gostava muito de ervilhas, tampouco de brócoles. Se fosse ele quem o servisse, provavelmente não tocaria na salada. A carne regada ao molho de azeitona e cebola agredia seu estomâgo apenas pelo cheiro, mas junto com o arroz branco, alcançavam perfeita simetria nas cores e na disposição.

Talvez divagasse sobre o impossível. Isso o entre tinha quando faltava coragem de encarar os olhos que o fitavam julgosamente. O suco cheirava doce, e o brócoles insistia em parecer a sua mãe: coma, é o gigante que devora as pequenas árvores. Seu pai diria apenas coma, mas o pai dela na atual conjuntura não conseguia nem cuspir o que sentia.

Confrontava cada nuance do vento, que criou pra se distrair. Conheceu a menina na cerveja, criou-a no jazz e a devorou no samba. Dilacerou-se em apenas dois momentos: o primeiro confronto e o enfim, a ceia familiar. Já não se importava em parecer agradável.

Soou como uma nota de pistão desafinada. Apenas sorriram quando encheu os olhos de ervilha e respirou o brócoles. O garfo na testa passou-lhes despercebido.

4 comments:

francine costanti. said...

porque na maioria dos textos, vc escreve no passado?

gosto demais assim.

jay jay said...

a fran tb escreve no passad
eu tb...

ótimo achado de leitura!

Anonymous said...

e o caprichoso costureiro de palavras e sentidos, volta...

gosto.

Anonymous said...

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