Saturday, February 07, 2009

Ruptura.




A chuva caiu densa e inusitada. Inusitada não, porque já chove há muito tempo em São Paulo, muito em muito pouco tempo, pra depois vir o sol. Chover dessa maneira desencoraja muita gente a sair de casa.

Tanta chuva trás seus prejuízos. Aos poucos, a água foi enchendo a calha (que confesso não limpar há muito tempo) de folhas e sujeiras outras que encontrava pelo meu telhado. O acúmulo formou uma piscina em certo trecho, que não consegue escorrer pelo cano até o quintal: forma-se uma grossa cachoeira, acima da janela da cozinha, impossibilitando qualquer tentativa de refrescar-se com o vento (além da chuva, faz sempre um calor infernal).

Assistia a chuva pela porta de vidro da sala de jantar. Quando percebi, a cachoeira já inundava o vaso. A pequena planta, ora imponente e altiva com suas flores roxas, jazia vencida pela força das águas barulhentas. Corri, mas não ao ponto de salvá-la. Enterrei-a junto com o vaso no canteiro externo da casa, onde sempre enterro minhas coisas, e voltei a fazer o café.