Tuesday, March 23, 2010

Invento de inverno intocado.




Dançavam todos. Os que sentem sabor de bolor de mentira na boca, os que se anestesiam com ilusões catadas ao vento e os que pregavam verdades nas paredes alheias. Era uma festa bonita; tinham velas pelos cantos, palavras pelo ar e inconstâncias por dentro deles.

Na piscina de mágoas, um reflexo circular da luz de qualquer razão, qualquer bem saída de mal.

Cirandas e labirintos fizeram todos dar as mãos, sobre quaisquer formas de convívio e contato. Enrolavam-se nos cobertores de baratas e traças de papéis amarelos. Sem gravidade, sem tempo, sem mesuras.

Entrega total a incosciente e razão de que não se sabe nem se saberá.

Versões de histórias correram e vestiram mesas, camas e pessoas. Desceram abismos, estagnaram ou subiram aos céus todos os dias. Esfumaçaram-se nas vidraças, encontraram as privadas e boiaram em poças internas.

A chuva ácida tatuou o formato final nas peles e almas.