O abraço tomou ares de último trago de cigarro. Com vontade aspirou e absorveu o resto de calor que ela lhe proporcionava, segurou na garganta a ponto de doer e soprou pra longe, mesmo destino da bituca. Não que o abraço terminara para ela, era apenas ele que apreciava o gosto ruim que a fumaça deixa na boca.
As cores dela esvaíram-se abruptamente, mas imperceptíveis. Acendeu outro cigarro, esse já mais saboroso, e as palavras que ela lhe cantava eram pano de fundo para o barulho da chuva. As gotas corriam pelo vento como as lágrimas dela não tardariam. Respirou fundo e tossui, pra nunca mais tossir, aquele resto de saudade que grudara por ali.
Caminhou pra fora do toldo e sentiu a chuva apalpar seu rosto. Por mais que tenha apagado o cigarro, a chuva o conheceu ali.
5 comments:
Triste e ótimo, na medida como um texto triste deve ser.
Deu aquele nó na garganta, por ter lido aqui algo que me trouxe tantas recordações, muito ruins, e, justamente por isso, muito boas.
Acho que eu, há alguns anos, sou cinza. Não sei até quando continuarei com essa tonalidade...
cores, chuvas, cigarro
sutileza, cariño, intensidade
boa noite, pedro.
esse texto não cabe em lugar nenhum. é demasiado sensitivo.
O.o Impressionante....
Parabéns...ta favoritado...
= *
pedrinhooooooooo.....demorei, né, mas apareci...nem sei mais se o texto é esse ou outro....mas meu deus do céu....muuuito bom!!!agora eu já sei que vc é um otimo escritor, tá, tá...comprovei com meus próprios olhos...
adorei...mto, mto, triste!!!
nao desisti não tá!!
te adoro mto!!
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