Tuesday, June 26, 2007

Retalhos.


As coisas iam e vinham com tamanhas turbulência e intensidade que nada conseguia segurar. Maturavam enquanto flutuavam como borboletas pretas e amarelas nas quinas perto do teto, nas teias de aranha do lustre e nas frestas atrás dos móveis. Fugiam às suas mãos com destreza a ponto de se fazerem perto demais para que não perdesse o desejo por elas.


Tentou por vezes subir na estante para agarrá-los, e na queda pensava esmagar alguns, mas os via sorrirem enquanto corriam longe o banstante apenas para que presenciasse o deboche. Passou dias à fio na cama assistindo suas danças, e súbito jogou a colcha por cima deles. Para nunca mais perde-los, costurou um a um em sua pele.

6 comments:

Anonymous said...

Retalhos de lembranças.

obrigada por esse retalho especial, Pe.

Anonymous said...

Salve meu querido Pedro.

Continua escrevendo bem hein.

Isso ae, abraços!!

Pierrot le fou said...

Pedro, vc sempre utilizando a casa (geralmente o quarto) para mostrar os sentimentos das pessoas. Acaba servindo como uma metáfora de um estado de espírito. A solidão faz com que nos misturemos aos nossos objetos e nos tornemos tão tristes quanto. Eu sei como é isso.

Clarisse said...

Meu sorvete... como escreve bem!!!
Poucas palavras q tocam...
Bjao meu bem

Anonymous said...

gostei bastante.

=)
as descrições são o que mais gosto.

Anonymous said...

Great!