Thursday, July 05, 2007

Matutino.

Parecia tentar encontrar no passado as escolhas que o tornaram assim. Buscava quem sabe conforto nas palavras evasivas sobre o futuro que alcançaria. Privava-se de coisas que nunca buscou. Ou não se sentia preparado ou preferia se acomodar no que alcançava sem esforço.

Os carros passavam frequentes pela janela. Da vista da madrugada, via sonhos vazios vividos profundamente, e via sonhos distantes sempre perseguidos por mentes e corpos sofridos. Fumava com veemência, acendendo cigarro ao outro. O vento fazia dançar a fumaça como seus sonhos, e sabia que ela, como eles, iriam para algum lugar e precisava logo saber onde.


Bebeu o café amargo e pôs-se a dormir no sofá, com a televisão ligada. Quando acordasse, esqueceria dessas mazelas. Mas elas voltariam sorrateiramente durante o passear dos ponteiros, e o encontrariam no ciclo das madrugadas, sozinho com seus cigarros na janela.

2 comments:

Pierrot le fou said...

Se você Lê esse texto de madrugada, você começa a repensar a vida; Se você lê de manhã, você resolve fazer algo diferente (malhar, ir para a praia...); Se você lê à tarde, você sente que a noite está próxima; e se você lê à noite, você vai dormir logo, evitando a madrugada. Mas em todos os períodos em que você ler, algo acontecerá: A identificação.

Anonymous said...

Quer coisa melhor do que madrugar pensando na vida? Quando o relógio marca meia noite, a sensação já é outra. Desejos, intimidades, sentimentos e reflexões sobre a vida chegam e são manifestadas pelo consciente. A Madrugada é com certeza, a melhor parte de um dia.