Friday, September 28, 2007

Animaizinhos de caramelo.


Foi bem estranho. A peça lhe parecia restrita , com piadas forçadas em caricaturas duras e secas. Mas podia-se, na opinião dele, explorar e descontruir contruindo em cima do espaço que permitia muito. Eles insistiram impor um palco italiano. Não que malveja, mas um paco italiano com grande interação talvez fosse mais adequado.
O decorrer da peça pareceu reconfortante. Algumas risadas forçadas perdidas por ainda algum fanfarrão que mal chegou a 8 dias de solidão. Mas já mostrava sinais de soltura no palco, estréia aflita. Grupo universitário, púlbico incentivador, mas nem um pouco crítico. Mesmo assim, galgou um belo trajeto ao instigante momento de "a peça acabou e como vai ser amanhã?". Isso ocorreu depois, mas o decorrer foi estranho.
Atrasos o fizeram chegar ao ponto exato do começo. Densa e literal, a peça, leitura de Garcia Marquez, era uma projeção de imagem rudimentar do livro. Até me divertia, quando ela apareceu, na cena de descoberta sexual por parte de um buendía, José Arcádio, exatamente. Era a cigana que o fez sair da família por duas décadas. Reconheci de imediato, mas com medo de demonstrar certa afinidade, tardei a comentar o fato.

Era como uma certeza surreal. Como se os heróis e crenças da infância legitimassem-se. Mas teria de esperé-la e surpreendê-la, que podia nem lembra-lo. Ficou sorumbático por tempos, a ver como o palco dobrava de tamanho. De repente, com breve anúncio que poderia facilmente passar dispercebido, viu que a garota lhe passaria ao lado, mas tomou-se pelo riso, pela sensação de delírio. Passou com bela máscara, mas assim que o viu a peça parou, ao menos à eles. Ela titubeou,voltou a pensar em Remédios a Bela (quinto personagem). E pouco, pouco mesmo passou até que ela congela-se aquele momento como fotografia num olhar de dois dias em dois segundos.

Depois ele a viu, e viu o quanto disfarçava-lhe o olhar, medo ou que. Conversaram depois, por iniciativa dele, mas a nada se levou. Enquanto ele se abria, extremamente patética ela justificava-se com negações baratas. Mas a peça havia de continuar outro dia.

4 comments:

Anonymous said...

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Priscila Basile said...

sabe que isso é bem bacana!

bom saber que vc também gosta de Cem anos de sõlidão, meu querido
um bjo

Gisele Brito said...

Sabe...depois que li o blog fiquei pensando como é adequado o nome "Bloco do eu Sozinho" pra gente que anda por aí, meio assim sei lá, com todos os seus vinte e poucos anos de solidão ...

Anonymous said...

Tudo há de continuar....mas segundos que são congelados em algumas vidas passam como meros segundos, dentro de um simples minuto, na vida de outros.As trocas, sejam de olhares ou de momentos marcarão uma vida inteira.Digo isto, por experiência própria...de algo que me marcou, para o resto da vida.