Monday, November 13, 2006

Hospital.

Pensava que era ilimitada. Isso explicaria a constante lotação dos computadores, presente em todas as tentativas até então de trazer minha irmã pra ver emails enquanto empurro a cadeira de rodas para o habitual passeio cotidiano. Mas a internet do hospital São Camilo tem um (fraco) bloqueio. Ora, não se abre o site direto do hotmail, mas pode-se acessá-lo pelo da msn. Salvo isso e a lanchonete, é um bom hospital. Supre todas as necessidades do tratamento de minha irmã, inclusive um roteiro de passeios. Desde que o corte que fez no pé ao pisar na tesoura de jardineiro aberta no chão, olhando um vizinho cujo tem certo apreço, é essa sua maior forma de descontração (além dos enlatados americanos da TV acabo que consome faminta).
O ponto alto do passeio é a maternidade no sexto andar, um acima do seu. Sabe a quantos dias os 6 bebês estão ali, seus nomes, qual passou pela incubadora e o que chora mais agudo. Sabe também seus nomes, mais isso já se estende a todos os que tem contato no hospital, sempre com o prefixo de "tio" ou "tia". O passeio de todo dia causa, além de faze-la sorrir, um grande alvoroço pelas recepções a quais passamos. Na cadeira de rodas, uma menina com tubos no braço já prontos pra receber remédios, por náuseas ou mesmo os antibióticos/antinflamatórios, é empurrada por rapaz que recebe a alcunha de senhor, quando é indagado por que ele pensa que pode andar com ela pelo hospital. As enfermeiras, de forma sincronizada com nosso andar como um balé aquático, levam os telefones aos ouvidos enquanto nos olham de forma curiosa, talvez reprensora. Isso nos diverte. Me irrita e me fascina o modo como me deixa guiá-la. Me incomoda o fato do que esta bom pra mim estar bom pra ela, talvez por não saber nem o que é bom pra mim, mas o modo doce como o faz me deixa cada dia mais apaixonado.

Trecho do livro imaginário "Marcela, a descoberta."

3 comments:

Anonymous said...

Legal Pedrinho!!! Como te disse, tem umas forçadas no português que não soam muito legal, mas arrumando isso fica legal. Hospital é o que há...

A notinha de trecho no final dá consistência pra inconsistência do resto...

Aliás, melhoras pra Marcela...

Anonymous said...

Aeee, faço das minhas palavras as do Bruno. Afinal, quem sou eu pra contestar o Bruno?

Achei, enfim, divertoso.

Diógenes Muniz, Enviado Especial à rua Augusta

Anonymous said...

Gostei muito da sua sensibilidade na forma de se expressar e de expressar "o seu próximo".
Abraços, Marco.