Monday, December 11, 2006

O tempo de ontem e o tempo de hoje.

O sol floresce em mais um dia de verão, e seus primeiros raios são o suficiente pra fazer levantar o homem, já acordado. Tem de se apressar e ir pra lavoura, existe muito trabalho por lá. O tempo passa rápido quando se trabalha, e o sol já está a pino. Hora de descansar e almoçar sob a sombra de uma árvore enquanto espera o calor se tornar mais ameno. Os dias são longos no verão, e tarda até o sol começar a se por. O homem volta pra sua casa e pouco tempo depois se põe a dormir.
A percepção do tempo do homem da realidade acima sofreu grandes transformações com a revolução industrial. Se chovesse no seu dia ele não sairia de casa para a lavoura enquanto ela não cessasse, e se a estação do ano fosse outra, como a primavera, quem sabe só ficaria na varanda de sua casa esperando a colheita. A revolução industrial fez com que os vínculos do homem com o trabalho fossem profundamente alterados, a começar pelo fato de agora o trabalhador ser uma mercadoria; onde antes se contratava um homem como um todo, pelo período de 1 ano por exemplo, agora contrata-se por horas a serem cumpridas, dividindo o tempo entre hora de lazer e hora de trabalho. O trabalho, que cada vez mais fazia o homem se relacionar com a natureza, agora passa a ser o principal fator que o distancia dela. Por isso a grande necessidade das horas de descanso. Os trabalhadores conquistaram ao longo da história diversos direitos trabalhistas, com vista em tornar suas horas de trabalho mais produtivas e aproveitar melhor suas horas de lazer.
O sol que pauta o homem pós-industrial é o relógio, onde cria unidades de tempo cada vez menores. Dividiu-se o dia em 24 horas (que condizem com a posição do sol para cada país, onde origina-se os fuso-horários), cada uma com 60 minutos, divididos, por sua vez, em 60 segundos cada. Cada homem forma seu dia agora diante a sua realidade de trabalho, se acorda as três da manhã para trabalhar e volta as duas da tarde, ou sai as três da tarde e volta as duas da manhã.
O lazer do homem pós-industrial não tardou a virar mercadoria. Dividi-se o tempo livre, para que possa ser útil também, e cada vez mais ele é ocupado com produtos midiáticos, que podem ser consumidos a qualquer momento. O tempo natural já não influi em muitas coisas, pode-se trabalhar ou se divertir a qualquer hora do dia, independente de chuva, sol ou não, frio e noite, com adventos com a internet. Vive-se dizendo por ai que não se tem tempo pra nada, e essa é uma das máximas vigentes da sociedade contemporânea. Se reclama da falta de falta de tempo, mas as horas livres são pautadas por programas de televisão, cinemas e bares. Cada vez mais o homem moderno se isola do outro, através de mediações como celulares e computadores, em vez de encontra-lo pessoalmente. Esse enfraquecimento das relações interpessoais vem da necessidade do homem de acompanhar a evolução de novos mídias, que evoluem com rapidez extraordinária: mal se acaba de comprar o computador mais avançado e o tempo de transporta-lo até a sua casa já foi o suficiente para que outro computador ainda mais moderno fosse lançado.

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